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Minha palavra é noite,
às vezes é lua cheia,
às vezes minguante
-quase nunca nova
 
 

 

 

Pluralidades 16

Welis Couto 

                                                                 PÁSSAROS DO ENTARDECER

O título é instigante e poderia nos remeter às aves migratórias ou seria uma revoada para alguma árvore frondosa em final de tarde? A dúvida se desfaz logo nas primeiras linhas. Pássaros do entardece é ave de arribação sem rumo e sem destino. Ou melhor, com rumo certo em direção a São Paulo, mas com destino bastante incerto e conturbado; porém, com uma única certeza: a esperança do retorno ao ninho de origem.

Antônio FJ Saracura nos conduz a essa epopeia do povo de Itabaiana, cidade do interior sergipano, mais precisamente, a história de um destemido Zé de Ulisses, determinado a vencer na vida, com um olho em São Paulo, mas com os pés fincados em Terra Vermelha.

A prosa leve de Antônio FJ Saracura garante o prazer da leitura das quase 300 páginas de Pássaros do Entardecer. Uma leitura muitas vezes entremeada com trechos líricos, outras vezes tensos ou divertidos.

O escritor, que relata ter começado tarde sua labuta no caminho da literatura, já nasceu pronto. A leitura é fluida e cativante prendendo o leitor desde as primeiras linhas. A história nos conduz a um Brasil dividido entre a riqueza e a pobreza, o luxo e a esperança, a força dos que mandam e a determinação dos que lutam. Mas, há também aqueles que se solidarizam com os retirantes.

Os embates nas terras roxas, os romances de beira de estrada nas intermináveis viagens e o amor, que poderia ser para sempre, roubado na colheita do algodão não passam despercebidos pelo autor. Aliás, que lugar seria mais propício para se roubar uma amada que o reservado para os finos fios brancos do algodão onde se formaria a tessitura de uma longa existência?

Pássaros do Entardecer é livro para ser lido em único fôlego e pode desde já ser elevado à categoria dos consagrados porque terá vida longa, assim como a tem Zé de Ulisses, o protagonista dessa história.

 

Pluralidades 15

Welis Couto 

                                                                 A NESGA GOIANA

 

           Há pouco, acabei de ler “A Nesga Goiana”, do escritor mineiro Marciano Borges. A demora na leitura começou pelos muitos compromissos e, por fim, se tornou proposital: queria degustar cada linha de sua escrita como se degusta uma boa cachaça mineira.

 

            Inicialmente, esse fato histórico foi para mim de grande surpresa. E creio que muitos de nós, mineiros, desconhecemos tal acontecimento no passado de nosso Estado.

            A obra por si só é grande. E, por reavivar um passado quase esquecido pela própria história, se torna indispensável. A narrativa, muitas vezes, ao pé do ouvido, é cativante. O enredo nos prende desde o início pelo envolvimento das personagens que, ainda que protagonistas, parecem contar a sua própria estória e a de seus contemporâneos. Algumas passagens mais duras são amenizadas pela narrativa romanceada. Amor, ciúme, castigo, vingança e crueldade constroem a teia dessa nesga goiana, onde um fiscal corrupto se enriquece às custas do poder e do temor imposto aos moradores da região mineira, esquecida pela capital possivelmente por esta envolvida nessa disputa judicial pela demarcação da divisa dos Estados.

            Como bom escritor mineiro, a obra tem passagens divertidas de esconjuros, exorcismos e assombrações. O tom divertido e ao mesmo tempo carregado de mistério e respeito pelo desconhecido do além mundo, ao mesmo tempo que ameniza a alma do leitor enraivecido pelos desmandos do fiscal, enriquece a narrativa com características bem mineiras, oriundas principalmente das classes mais humildes e dos rincões mais distantes: temer o desconhecido e os espíritos malignos.

            A descrição viva, ao sabor mineiro, romanceando passagens rurais no lombo de cavalos e burros, com o passo cadenciado da marcha em dias de estrada dá o tom desse romance de uma narrativa em linha reta, segura e cativante. Como disse no início, não é livro para se ler em único fôlego. A história romanceada é para ser lida em doses homeopáticas, saboreando e dissecando a história mineiro-goiana em cada um de seus capítulos. Obra para ocupar lugar de destaque em qualquer estante.

 


Pluralidades 14

Welis Couto

Carroceiros de Encomendas

Carroceiros de encomendas, ou encomendas em carroceiros. Na verdade, são entregadores de compras e encomendas. Nestas alvoradas, vejo ressurgir a figura do carroceiro, quase engolida pelas chamas do progresso. Entretanto, eles continuam vivos e convivendo harmoniosamente, pelas ruas, com os automóveis e ao que me parece fazendo, de casa em casa, a entrega das compras efetuadas nas lojas (ou seria nas casas de materiais de construção?), em um quadro de nostalgia e liberdade.

Assim, os carroceiros do Guará sobrevivem ao próprio tempo, e desvencilhando-se dois incontáveis carros que trafegam por ruas tão maltratadas pelos pardais, provavelmente recontam a história da cidade...

 

Aquecendo os motores

Houve um tempo que morei em Alvorada do Norte, no estado de Goiás. Lá cheguei numa segunda-feira quente. Era noite e nada eu conhecia da cidade. O ônibus, que a custo me trouxe, parou na rodoviária. Procurei divisar um táxi. Nada. Ao longe, estacionado um opala com aspecto de ferro velho. O motorista, solícito, se dispôs a levar-me até o hotel. Entrei naquela condução estranha e o condutor deu a partida. Um cheiro forte invadiu-nos a todos. Vai explodir! - Pensei.

Aos poucos, fui-me acostumando com o cheiro daquele "combustível" tão comum pelas ruas daquela cidade. Ainda hoje, quando vou por lá, vejo tranquilamente, os motoristas descerem do veículo e o abastecerem o carro nos armazéns e supermercados da cidade... Puro gás!

 

Logus, logus, ele chega

A palavra é um tanto estranha. Poderia até ser uma corruptela da latina "luctus", luto; ou "ludus", brinquedo (nesse caso, de muito mau gosto); ou, ainda, "longus", longo; como longa foi a espera.

Entretanto, o que importa mesmo, é Logus - marca de automóvel lançado pela Volkswagem no início dos anos 1990. Época de inflação e ágio. Para se comprar uma dessas máquinas, era preciso desembolsar em torno de 30% além de seu preço normal. Entretanto, dois colegas do BB na cidade de Alvorada do Norte (GO) tinham o segredo de como entrar nessa máquina quente, cheirando a novo e acreditem se quiser, por um preço bem abaixo do mercado. Esses mineirinhos de Juiz de Fora (ou seriam fluminenses?) conheciam a forma ideal de como adquirir o famoso veículo. E pela forma mais segura: via sedex.

Tudo começou com a descoberta de um pequeno anúncio no jornal. Um colega de trabalho, baixinho, com o pescoço atravancado e empinadinho para se ver ao longe, rotineiramente, no retorno do almoço, lia o Correio Brasiliense que acabara de chegar naquela região longínqua. Lia-o só para ser diferente, porque goiano de verdade lê o Diário Popular. Entretanto, este só chega à tardinha, com o por do sol.

O anúncio estava lá, estampado em negrito. Ele o leu com atenção. Anotou os detalhes e abriu um sorriso de vitória. Ao final do expediente, ligou para o número informado, acertou os detalhes e enviou o sinal pelo "depósito ouro". Para sua tranquilidade, o vendedor era cliente do BB.

Negócio fechado, espalhou a notícia. - Comprei um Logus zerinho, zerinho... - com um sorriso largo e matreiro, acrescentou: - com desconto de 30%. E em poucos minutos, um segundo colega se juntava ao primeiro para dar a feliz notícia.

Como bons companheiros, os dois colegas tentaram convencer-me a fazer o mesmo; mas, minha mineirice desconfiava de tanta facilidade. Mesmo assim, argumentaram, tentavam ser convincentes, não queriam me deixar de fora. Em vão! Vencidos, só lhes restaram o desabafo: - mineirinho desconfiado! Vai ficar morrendo de inveja quando a gente estiver de carro novo.

Tempo foi passando e nada do carro chegar. Começavam as desconfianças. Telefonavam. Houve atraso na remessa. Alívio! Tempo passando, telefonavam de novo. Silêncio.

Com o tempo. Começaram a lamentar o dinheiro perdido. Refaziam as contas para repor o cheque especial. No fundo, condoía-me a situação dos colegas, mas eu não podia evitar um soberano risinho frouxo.


 

Pluralidades 13

Welis Couto

TEMPO DE ESPERA

      Tempo de Espera tem como cenário uma típica cidade do interior goiano, aonde os habitantes sobrevivem em torno da prefeitura e de um prefeito corrupto que domina todas as ações em uma quase epopeia de trapaça, dominação e vício do poder.

     Entretanto, o forasteiro, Mariano, que administra uma empreiteira que chegara à cidade para construção de casas populares e asfalto promete mudar o eixo dessa trajetória.

     Um tom álacre envolve o nascimento e esperança de mudança dessa dominação, mas as urdiduras do prefeito são maiores que o imaginário das pessoas.

     Porém, um encontro inesperado pode mudar o rumo dessa história. Mariano se divide entre combater os vícios e trapaças do prefeito e conquistar e preservar o amor de uma jovem local. Os sentimentos lacerados do viajante podem ser o instrumental de que precisa o prefeito para continuar suas ações ou o fortalecimento dos ideais do jovem  administrador.

     A entrada nesse novo ciclo, que cabe à imaginação do leitor criar também como expectador e personagem das suas próprias misérias e grandezas, da sua própria história aonde se misturam o real e o onírico desse Tempo de Espera.

     Amor e intriga em uma sociedade fechada, típica da coletividade interiorana dão o corolário para as ações de Tempo de Espera.
           


DE QUANDO EM QUANDO

      Estou aqui, periodicamente, tecendo fragmentos de crônica; procurando escrever as coisas comuns de sempre.

      Se não atender às suas expectativas, a culpa será do cafezinho. Tudo é mirabolante ideia de mente cafeinada às quatro da tarde. Coisa de quem está com a bola cheia.

      Levado pela emoção, ainda não sei muito bem sobre o que escrever. Mesmo assim, celebraremos este encontro! Poderia usar esta página simplesmente para lhe dizer "oi" e deixar o restante em branco no melhor que lhe dedicaria. Há, porém, o compromisso maior de rebuscar as velhas coisas, os guardados da memória, ou até mesmo reescrever velhas crônicas em novos estilos, velhas histórias de tempos passados com Pitelo, o parafuso.

     O título da coluna é herança mineira. Entretanto, nossas conversas serão menos ao pé-do-ouvido. Consequentemente, mais brasilienses ou brasilianas.

     Precisava de algo para esse nosso encontro. Em período de experiência, não se pode brincar! Revolvi as ideias, remexi velhos guardados, rebusquei todos os espaços. Embalde! O encontro será muito mais de emoção que de escritos.

     A publicação, por estratégia de marketing, deveria ser na sexta-feira. Na segunda... semana cheia, quem iria ter tempo para amenidades? Na terça-feira, os poucos leitores achar-lhe-iam insossa. Na quarta-feira... Onde já se viu caderno literário publicado às quartas-feiras? Quando muito, se vê caderno de cinema. Quinta-feira. Bem, seria um bom dia! Mas, para não correr riscos, sexta-feira é melhor, reduzem-se as incertezas. Prenúncio de final de semana, alma leve para o descanso com a família... Certamente o leitor fica menos exigente. Ainda assim, se estiver entediado, poderá guarda-la para uma leitura de domingo ao lado da família.

     Assim seguiremos lentamente. Você lendo esta página, e eu invadindo sua cabeça com os escritos que a custo me saem. “Iremos devagar nessa jornada, porque à moda de sábio provérbio africano, seremos cautos: ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés”.


 

Pluralidades 12

LIBERDADE FEMININA:UMA BUSCA MILENAR

Welis Couto

A história registra os fatos e nos mostra a civilização grega e os bravos guerreiros atenienses sob o comando de Alexandre, o grande, nos anos de 300 a. c., que, sequiosos de poder, iniciavam extensas lutas pelo mundo, aumentando o império grego e espalhando suas culturas pelas terras conquistadas.

Entretanto, enquanto os bravos guerreiros alargavam as fronteiras da Grécia, suas mulheres, de uma fidelidade invejável e uma submissão discutível, pacientemente, oravam e teciam enquanto o marido não  retornava.

Os  dias eram-lhes intermináveis, mas a fidelidade invulgar não lhes deixava fraquejar e as exemplares mulheres de Atenas esperavam semanas inteiras pelos abraços dos maridos, que muitas vezes não regressavam. Caindo o companheiro na guerra, vinha o período do luto e as roupas cobriam a viúva ateniense dos pés à cabeça e redobrava-se o respeito pelo morto.

Mais do que submissão, o que se via era a fidelidade feminina, que, com o passar do tempo, passou a ser encarada como questão de inferioridade da mulher e criou-se a mulher-objeto.

A mulher, de companheira de todos os intantes, compreensível e sensível aos problemas de seu acompanhante, passa a representar para ele unicamente a satisfação de seus desejos sexuais e a auto-valorização como super-homem e machão convicto.

Trancadas em casa, com portas e janelas fechadas, a doce beleza feminina nada mais é do que um animal que sacia a voracidade de seu macho.

Passaram-se os séculos e, lentamente, essa mesma mulher foi tomando conhecimento de sua posição e importância no cenário mundial. No Brasil, essas mudanças começaram a vir um pouco mais .tarde que no restante do mundo mais civilizado e somente no inicio do século XIX as mulheres começaram a se destacar na sociedade. A mulher da classe média deixa sua reclusão e começa a conhecer os salões. Surge ai uma nova mentalidade paterna, que passa a prepará-la para frequentar tais salões de festa, receber visitas e conviver com estranhos.

As publicações da moda francesa invadem o País e ressurge a vaidade feminina, a  pesquisa  dos  figurinos ideais. Nas festas, a moça casadoira encontrava o seu parceiro, geralmente da mesma classe social. Em companhia do seu namorado, ela ganha os teatros e, posteriormente, as ruas.

Embora começassem a surgir os primeiros sintomas de liberdade, principalmente pelo convívio marido e mulher ser entre duas pesssoas de mesma classe social, o sentimento de posse ainda persistia. O companheiro permitia à sua esposa não mais do que frequentar os salões, promover festas e ir ao teatro.

A evolução feminina ocorria muito lentamente. Porém, a mulher começava conscientizar-se de que não poderia continuar sendo simplesmente dona de casa e serviçal do seu homem. No entanto, a luta isolada era muito desigual para a classe.

Com esse pensamento, no começo do século XX iniciou na Europa um movimento feminista com o objetivo de conseguir os mesmos direitos políticos e sociais para ambos os sexos. Objetivava também os mesmos direitos de trabalho e igualitarismo entre os sexos em todas as esferas da vida.

Somente no final do século XX, a mulher conseguiu seu obje tivo ainda que de forma tímida, numa evolução lenta e segura. Hoje, a posição feminina é marcante em todos os setores da sociedade, e ela se destaca, muitas vezes superando o homem, nas atividades que exigem uma presença maior de sensibilidade e criatividade. Haja vista a presença na odontologia, nas artes e até mesmo se enveredando pela política enela se destacando. Algumas profissões, a exemplo da medicina, talvez por suas peculiaridades, está-se tornando uma profissão feminina.

De igual forma, é marcante a presença da mulher ao lado do marido. A concepção de mulher-objeto há muito foi abandonada. Hoje, além de amante e mãe dos filhos, ela tem participação fundamental ao lado do companheiro. De conselheira nos momentos aflitivos, possuindo a resposta branda para os problemas aparentemente insolucionáveis e, principalmente, pela vida estressante que levamos, à companheira que porta todos os lenitivos de que se precisa, fabricando com os seus atos o sândalo que perfuma a esterilidade do corpo e atenua o cansaço da alma.

Apesar da presente conquista feminina e do reconhecimento masculino da importância da mulher, e de se ter passado cerca de vinte séculos desde a inocente submissão da ateniense, existem ainda os pseudo machões que se embriagam pelas ruas e espancam suas mulheres em casa, ou mesmo em praças públicas.

A fraqueza de caráter, a formação radicalmente machista e, muitas vezes, a insatisfação no meio em que se vive, fazem desses seres desajustados levar para casa as iras que angariaram nas ruas e as descarregam em uma das muitas "atenienses", que, mesmo pelo lapso existente, sobrexistem espalhadas por nossas terras.

Apesar da aparente liberdade feminina, enquanto existirem os fracos de espirito que espancam suas mulheres e, paralelamente, as mulheres submissas que se deixam espancar; enquanto houver o machismo por um lado e o feminismo por outro; enquanto acontecerem as distorções sociais, as insatisfações por todas as coisas e tais fatos serem subtraídos à mulher; ela nunca terá, de fato, conquistando a sua liberdade.


 

Pluralidades 11

  Welis Couto

Pensamenteando

          Criava galinhas. Há muito tal frase me habita a razão e não raras vezes pensei em fazer uso dela. Quis dar-lhe a forma de um conto, ou menos promissor, uma cronicazinha mesmo; porém, nenhuma ideia me viera à cabeça com fundamento bastante para que eu  a aprovasse.

          Vieram-me frases bonitas que eu sempre trago de memória: criava galinhas e passava os dias apalpando-lhe os ovos; contava-os ainda por serem botados e deitava no comprido na relva. Acariciava o vazio de si mesmo enquanto lia o jornal do dia anterior para não ter preocupações presentes.

           Certo dia, descobriu pelo jornal que não era o único a contar os ovos a serem botados. Acabrunhado, viu refletir emsi, o país que habitava; engoliu um pequeno sentimento de traição e com as chaves que não existiam se fechou por dentro.

          Agora, volta-me a citação: criaava galinhas... parece-me um pouco vazia,  mas  tem sentido...  poético.

 

Efeméride

"Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não  cantarei  o mundo  futuro.
Estou preso  à vida e olho meus companheiros.
Estão  taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles,  considero  a enorme realidade.
0 presente é  tão grande,  não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. (...)"

                                      (Mãos dadas)

         Vinte e cinco anos são passados desde que Drummond calou sua voz. Não raras vezes reportamo-nos ao poeta nos fatos que nos envolvem no dia-a-dia. Seus poemas à moda de crônicas provam este último, o grande cronista que foi Carlos Drummond de Andrade, porém, é na poesia que ele ganhou fama, exatamente por dizer as coisas de for ma clara, simples, bem informal, por que não dizer "croniqueira", como nas suas conversas com "João Brandão". Drummond dizia as coisas que as pessoas queriam ouvir sem subterfúgios. "(...) Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação”. (Os ombros suportam o mundo)

ou:

"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperamser escritos”.

                       (Procura da poesia)

 

Pinturas

          A pintura data de eras imemoráveis. Os homens das cavernas já traçavam imagens de objetos e animais nas paredes. As primeiras pinturas em afrescos tinham temas religiosos. Foi, contudo, na época medieval que a pintura começou a retratar seres humanos, surgindo inicia almente na Itália através do pintor Oiotto. Daí, vieram os grandes artistas da pintura que se avultaram com a escola renascentista, destacando-se Rafael, Michelangelo, Leonardo da Vinci e, posteriormente, El Greco.

          Com a invenção da máquina fotográfica, os pintores buscaram outros temas que não fossem o simples retratar figuras humanas. Surgiram, então, movimentos como o impressionismo de Cézane e Renoir, o expressionismo de Van Goch, o cubismo, o abstracionismo e o surrealismo.

          Até que uma nova técnica entra em cena despertando a atençao dos pintores e o gosto dos colecionadores: a "arte nouveau". Os quadros que substituem a tela pelo vidro ou por espelhos e que, devido à superficie lisa, deixa o objeto pintado mais viçoso, realçando o brilho da tinta, chamando a atenção mesmo dos não aficionados com a arte.

          O detalhe mais interessante é que os artistas que utilizam tal técnica têm como tema seres humanos, animais ou cidades: uma volta ao passado.