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Pluralidades 10

QUANDO TUDO FOR ONTEM

WELIS COUTO

 

Heráclito, filósofo presocrático nascido em Êfeso, Ásia Menor, mais ou menos no ano 500 A.C. , define assim o seu modo de pensar: "tudo flui, nada fica", ou seja, nao existe um ser estático; e, ainda, "a guerra é a mãe, rainha e princípio de tudo".

Talvez esse pensamento tenha feito sugir os espíritos destruidores e guerreiros. No entanto, será verdade tal assertiva? Como o fato de destruir pode ser o principio de alguma coisa? São questões que, talvez, o próprio filósofo titubeasse ao responder.

Não se contesta que, no período das grandes conquistas, principalmente das conquistas romanas, as batalhas ocorridas serviram para destruir uma civilização e ali edificar os sonhos dos dominadores. A guerra trouxe o princípio da nova civilização e de novos costumes, concorrendo para o fim de outra civilização e outros costumes pré-existentes, deixando-nos a forte a certeza de que tudo flui, nada fica.

Renovando o principio de Heráclito seria, ainda hoje, a guerra, mãe, rainha e principio de tudo?

As estatísticas, ainda que contenham falhas, não deixam de nos amedrontar. Seus números são aterrorizantes e eles nos retratam que existem quatro toneladas de dinamite per capita sobre a terra.

Apesar de números tão significativos, a Coréia do Norte não se dá por satisfeita e amplia seus testes nucleares. O ditador nortecoreano se defende dizendo que é uma resposta à "hostilidade dos Estados Unidos", seu inimigo declarado. Recebe críticas de seus próprios aliados, mas, a guerra pela paz continua: essa inevitável paz armada em que o simples apertar de um botão pode ser o fim de tudo. O fim de um universo que levou milhões de anos para se formar, que, conforme o escritor Gabriel Garcia Marquez, "desde o surgimento da vida visível na terra, transcorreram 380 milhões de anos para que uma borboleta aprendesse a voar, outros 180 milhões para fabricar uma rosa que não tem outro compromisso, senão o de ser bela; quatro eras geológicas para que os seres humanos, ao contrário do seu bisavô Pitecantropo, fossem capazes de cantar melhor do que os pássaros e de morrer de amor. Não é nem um pouco honroso para o talento humano - na Idade de Ouro da Ciência - ter criado um modo pelo qual o processo muiltimilenar, tão dispendioso e colossal como é o da vida na terra, possa regredir ao nada de onde veio pelo simples ato de apertar um botão".

Talvez Heraclito nunca tenha pensado que um dia as pessoas evoluiriam tanto a ponto de matar a si mesmas e destruirem toda a beleza colossal, indizível em palavras e só magnetizada pelo sentimento, que é o universo.

Forcemos o pensamento para imaginar que não haja vida nos outros planetas e que toda a magnitude de respirar tenha sido legada unicamente a Terra. E vem-nos a guerra insensata dos laboratórios. De que adiantaria o registro dos fatos de tudo o que aconteceu neste planeta quando ele ainda existia, guardado em fitas magnéticas, pendrives, blue ray, ou outras mídias de armazenamento, em porões à prova de qualquer resistência? Triste legado ao nada e o silêncio viria frio e forte.

No entanto, para Aristóteles, filósofo grego, "a única realidade é o mundo sensível", ou aquilo que percebemos com os sentidos; concreto. A partir dessa realidade recriamos o mundo fantástico. Diz ele, ainda: "a essência não passa de abstrações da nossa mente". Nada existe fora das coisas concretas, mas, a partir delas. Há sucessão de formas sobre a mesma matéria, onde cada pessoa dá a forma ideal para o objeto à sua frente como ela o vê. A forma é a essência; a matéria, a potência, o indeterminado que pode vir a ser. As mudanças são uma sucessão de formas sobre uma mesma matéria.

Pelo principio aristotélico, nada se cria do desconhecido ou do inexistente. Para se falar da flor é preciso tê-la conhecido. Para se falar da Terra é preciso que ela exista. 0 que será o registro do nosso passado nos labirintos da ciência, se nao mais existir a matéria que lhe deu forma?

Criar novas armas não amedronta o pressuposto inimigo, nem reduz o perigo de guerra. Um acidente pode ser fatal e todos serão vencidos, sem exceção. Aqueles que guardam nossa história para os extraterrenos, não terão meios práticos de reproduzir para eles a simplicidade da flor, ou a ligeireza do riacho.

Como explicar aos extraterrenos que nesse imenso deserto cheirando a urânio, pólvora, plutônio, cobre e mofo outrora a vida brincava nas corredeiras, andava na terra e desafiava os espaços?

0 homem sentiu-se forte por poder criar armas tão poderosas e será mesquinho ao não evitar a autodestruição. Então, como ser forte, autodestruindo? Só mesmo a inventiva capacidade humana para achar profícua a guerra; só mesmo uma questionável criação do homem tão grande e tão mesquinha...

Ou todos os armamentos foram criados embalde, ou, inevitavelmente, um dia virá a guerra e virá o fim. Dessa forma Aristóteles nunca se verá tão bem compreendido, e teremos certeza de que a única realidade é o mundo sensível, palpável e que todas as coisas são recriadas a partir desse mundo.

A Terra não terá memória; apenas um registro abstrato e confuso. Um misturar de ideias incompreensível e inócuo.

Nunca mais verá nascer o trigo, pastar o gado; não mais verá as águas banhadas pelo sol, ou os oceanos copiando as estrelas no céu.

Perderá as indizíveis tardes de maio com o sol morrente de fogo nas montanhas, queimando nossa alma.

Nem mesmo os corações vazios se farão presentes e a alma mesquinha se amofinará. Relembrando que são quatro toneladas de explosivos que têm o seu endereço e não adianta burlar o correio. Ele estará em toda parte, em todas as casas e sobre todas as cabeças. Arsenal este que aumenta dia-a-dia porque a guerra dos gabinetes é muito maior, mais forte e destruidora do que a guerra de canhões e metralhadoras. Estas destroem o corpo; aquelas, o espirito.

Ê tão sabido que não haverá a esperada sensibilidade do senhor ditador nortecoreano pondo fim aos testes nucleares para a construção de armas de destruição em massa. Então, resta-nos preparar para o juízo final e enfrentar a grande realidade. Talvez levem alguns milhares de anos até que tudo isso ocorra; ou tudo pode acontecer amanhã...

O que é, deixara de ser. Haverá uma radical mudança e única certeza: tudo acabou.


 

 Pluralidades 9

Welis Couto

EM NOME DA FÉ

      Com o intuito de impedir a divisão da Igreja, ameaçada por vários grupos considerados hereges, é que surgiram os tribunais de julgamento formados por um padre e três leigos de reputação considerável, com poderes totais para julgar e ditar a sentença dos chamados infiéis. Estava criada a "Inquisição"; um dos mais perversos tribunais existentes no mundo em todos os tempos. A Inquisição impunha suas regras e obrigava o julgado, às vezes por meio de tortura, a confessar crimes que não cometera. As penas, frequentemente, eram o confisco dos bens, prisão perpétua, destituição das propriedades, morte em fogueira e a flagelação.

      As maiores vitimas da Inquisição foram, sem dúvida, os cientistas. Destaca-se o italiano Galileu Galilei que, ao descobrir que a terra não era o centro do universo e tornar público tal fato -contrariando o pensamento da Igreja -foi por esta chamado à inquisição e condenado à prisão. O poeta português e satírico - Bocage - também não conseguiu escapar das garras desse tribunal, quando foi acusado de ridicularizar a monarquia e a religião católica. Condenado à prisão, mas declarando-se arrependido, o irreverente poeta conseguiu ser transferido para prisões melhores e libertado em pouco tempo.

       Objetivando combater as arbitrariedades promovidas pela Igreja, surgiu dentro do seio dessa mesma Igreja um movimento contrário à sua posição autoritária, a que se chamou "Reforma".

      A Reforma, liderada pelo frade alemão Martinho Lutero, tinha como principio combater a Inquisição, a venda de indulgências, a compra de cargos de nobreza, dentre outros.

     Houve ai a cisão da Igreja Católica e a Bíblia que só era conhecida pelos religiosos foi compilada por Lutero e divulgada à população que, de acordo com este, único julgamento aceitável é a partir daquilo que está escrito na Bíblia e sua interpretação. Sua doutrina atingiu outros religiosos que se encarregaram da pregação reformista em outras partes do mundo, sendo os principais: Calvino, na Suiça, e Zwimglio, na Inglaterra. Os príncipes que se opunham ao pagamento de pesados impostos ao Papa, assinaram um "protesto" e se uniram às ideias de Lutero. Daí, o nome de protestantes.

      Com o movimento reformista e a divisão da Igreja Católica, o que restou desta continuou íntegra. Com os protestantes ou reformistas ocorreram brigas internas e se dividiram em grupos, surgindo destes as diversas religiões ainda hoje chamadas protestantes.

      O movimento reformista surgiu sobretudo imbuído dos ideais humanistas, advindos com a Renascença que colocava o homem como centro de todas as coisas, cônscios de sua capacidade, motivados pelas grandes navegações e as descobertas marítimas que contribuíram para sepultar o medo do sobrenatural.

      Apesar dos movimentos contrários, a Inquisição existiu oficialmente até o ano de 1965; ano em que o papa Paulo VI mudou o nome e os métodos do Tribunal para "Congregação para a Doutrina da Fé". Do julgamento de seres humanos o tribunal passou a julgar os livros cuja leitura era considerada profana ou perniciosa para a Igreja.

     O poderio da Igreja Católica continuou a existir e ela ainda mantinha enorme influência no mundo politico, inclusive nomeando e destituindo monarcas. Os próprios reis se interessavam em ser aliados à Igreja como forma de suporte para o seu reinado. Detentora da fé do povo, a Igreja ditava as regras e impunha suas normas.

      Com a leitura da Bíblia pelos leigos, com os novos conhecimentos adquiridos pelo povo em todos os setores, a evolução da ciência e a aceitação da filosofia humanista, a Igreja perdeu grande parte de seu poder sobre os homens e, dessa forma, se viu obrigada, ironicamente,a adequar-se à nova realidade e preocupar-se sobretudo com a divulgação da fé, ainda que existindo divergências internas, facções que se preocupavam com a doutrina cristã e outras que se enveredavam pelos caminhos da politica, esquecendo-se de que a função primordial da Igreja é a formação cristã.

      Vendo-se esvaziada por ter persistido em pregações fora da realidade e até mesmo revestida com dogmas de seitas pagãs, como o culto de imagens, a Igreja Católica, através do liberalismo de seu penúltimo Papa, reconheceu que nem toda a verdade lhe pertencia e abriu o leque para uma discussão que ainda há pouco era proibida nos meios cristãos.

     O Papa João Paulo II deixou aos fiéis a dúvida quanto ao ano exato do nascimento de Cristo, o maior dogma da Igreja Católica, e convocou historiadores para sanar esse conflito. Embora as datas em nada modifiquem os fatos, tal coisa nos leva a crer que a igreja tendia a reconhecer os seus erros e a preocupar-se unicamente com a divulgação da fé, dos princípios cristãos e a paz espiritual.

      Mas, o mundo dá voltas e os governantes são substituídos. A voz que se erguia parece não encontrar eco no sucessor. Essa, talvez possa ser uma das explicações para a queda de católicos no mundo e, essencialmente, no Brasil.


 


 

Pluralidades 8

Welis Couto

Quando a sorte te solta um cisne na noite


     Cessou a magia de um bruxo, do grande mago do violão que seduzia e encantava as imensas plateias mineiras, por onde passou. Seu passaporte era seu violão e aquele jeito tímido de chegar, comum aos grandes artistas. No soltar de seus acordes, a música o apresentava e assim era, lentamente, firmada a sua presença.
Marco
     No entanto, a ele, que tantos cisnes soltara nas noites de suas apresentações, revoando sobre as cabeças de seus espectadores, densamente envolvidos pelas notas que esvoaçavam no recinto, guando o seu próprio cisne ganhava dimensões novas, num voo apologético, o mistério fechou-se em sua obra.

     Marco Antônio Araújo trazia o estigma dos grandes mitos da música instrumental. Conhecia-a como poucos e soube como ninguém organizar arranjos com instrumentos que jamais acasalar-se-iam em circunstâncias normais,a não ser que estivessem reunidos pelo carisma desse artista.

     Angariando respeito e fama, ele teceu sua trajetória por Minas Gerais, numa promoção da Rede Globo Minas e algumas empresas mineiras. Em 1983, o músico percorreu quase todo o estado. Assim, ele se fez conhecer edepois retornava repetidas vezes nas cidades por onde passara,já numa exigência do público que o assistira. Exemplo disso é que o musico estivera três vezes em Alvinópolis e quatro vezes em João Monlevade, em pequeno intervalo de tempo.

     "Influências" foi o título de seu primeiro disco,e que denominou, também, os seus espetáculos no ano de 1983.

  A este, seguiram "Quando a Sorte te Solta um Cisne na Noite" e "Entre um Silêncio e Outro". Por fim, seu último lançamento estava nas lojas, quando o artista faleceu: "Lucas",que leva o nome de seu primogênito, com distribuição assegurada em todas as capitais do País, apesar de, como os discos anteriores, também ser uma produção independente.

     Marco Antônio Araújo faleceu em 06 de janeiro de 1986, no auge de sua criação, quando seu nome começava a ganhar a devida projeçao nacional.Não deixa herdeiros na música, apenas um grande cisne solto no ar,sobrevoando nossas cabeças nas noites quentes; um imenso cisne voando ao céu, indefinitivamente e infinitamente no negro da noite nesses tempos de verão, com sua alvura ímpar procurando um pouso celestial.    Ficou-nos a eterna sensação do vibrar de umas cordas mágicas,inebriantes, cheias de estesia, unindo o belo e o indevastável mistério existente dentro da capacidade criadora do homem.

     A sorte lhe soltou esse cisne na noite, mas o genitor não estava mais presente para apreciar sua alvura num võo longitudinal sempre para frente.
 
     A sorte lhe soltou esse cisne na noite, mas o genitor não estava mais presente para apreciar sua alvura num võo longitudinal sempre para frente.
 
     Da mesma forma, quem não viu as apresentações e todas as "Influências" desse músico mineiro, restam ainda os seus discos, que, se reproduzem à obra do criador, não trazem a magia que o génio de Marco Antônio Araújo mostrava nos palcos, transmitindo de corpo e alma todas as estesias exis tentes no intricado mundo da música e de toda criação.

     Assim, se foi o maior dos nossos instrumentistas, que no último 28 de agosto completaria 63 anos. Porém, há 26 anos, quando a sorte parecia abrir-lhe as portas, ela apontava muito mais do que o mero sucesso que o artista tanto buscou na consciência de sua criação: era o infinito que surgia e um imenso vazio na noite mineira.
  


 

Pluralidades 7

Welis Couto

NOSSO JORNAL

           A poeta Maria José Giglio, fundadora da Casa do Escritor, que neste ano completa 30 anos de atividade; autora de “Três Motivos + 1” e muito mais; poeta por excelência, na sua inenarrável lide literária decidiu enveredar-se pelo mundo virtual. E com muita propriedade!

           A poeta que disse ter descoberto o mundo digital e se apaixonado por ele desenvolveu o Nosso Jornal, publicação eletrônica de periodicidade mensal direcionada às artes. Contém entrevistas, divulgações literárias, crônicas e artigos diversos. Todos escritos com leveza, criatividade e bom gosto. Na edição 17, do mês de Maio, você encontrará um bate pato entre a poeta e mim, na seção Colaboradores. Confira!

EM BUSCA DO PODER
(em ano de eleição...)

             A inconstância da embriaguez ou a constância embriagada revela o mito do poder. A busca do impossível ou do possível indefinido faz a ganância e a sede dos homens que nela se afo­gam e emergem esquecendo-se da ra­zão. Nada é tão promissor como o desejo de extravasar as limitações criadas pela razão humana. Promis­sor e bestial, porque aleija a alma, e na insuspeita vontade de abarcar o mundo inteiro, fecha-se a porta colossal do encontro entre os seres. É preciso subjugar a consciência de al­guns, destruir os empecilhos do caminho sejam eles quais forem e apagar a amizade enrubescida nos rostos amigos. Nada importa quando a meta é o máximo que a mesquinhez humana permite chegar. O outro é o outro e as liberdades individuais são su­primidas pela fome decisória da perempteriedade do próprio poder. No entanto é preciso esticá-lo ao máximo permitido; não soltar as rédeas do cavalo brabo e ser peão contra a vontade da multidão que, ansiosa, almeja uma queda sem muita poeira.

Até em se tratando da diferença por quatro ou oito anos, a vontade é a mesma fera, desumana e intocável no seu pedestal. Mesmo sabendo que todo poder é peremptório como as nuvens pela manhã.

 

PASTOREANO A INOCÊNCIA

          Escreveu certa feita André Gide: "crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontraram". E nesse Brasil em que pequeno grupo se au­todenomina detentor da verdade, nada mais justificável do que, seguindo a sabedoria de Gide, ignorar esses potentosos sábios e partirmos novamente em busca da verdade, mas de uma verdade sem receios e sem pe­cados, sem falsa retórica de caçadores de dragões, e sem discurso apoteótico de mocinho em dificuldade com uma única bala na agulha.

          A única verdade conhecida consis­te na seriedade sem favores, no enxugamento sem protecionismo e arbi­trariedades, o que requerem coragem e razão. Porém, não raras vezes, a coragem esbarra na razão e, nesse caso, o menos preocupante é fazer o que fazia Van Gogh ao tratar de religião: "quando sinto uma terrível ne­cessidade de religião, saio à noite pa­ra pintar as estrelas". Mas, se isso não dá certo em se tratando do país, ao menos dá um belo quadro.

 

ÚLTIMO DESEJO

         Lá se foram setenta e cinco anos desde o "último desejo" e é tempo tão pouco para esquecê-lo. Pois, há três quartos de século Noel Rosa, uma das genialidades da música brasileira, deixava de compor músicas como "último desejo", "Prá que mentir" ou "Três apitos", que dentre outras se imortalizariam na voz dos grandes cantores da época, e atuais... Continuando, ainda, na voz do povo.

         Noel Rosa, o compositor da malandragem, de grandes amores, de "conversa de botequim" não precisou de muito tempo para deixar aqui a sua marca e imortalidade. Sete anos foi o tempo exato para sua imortalização, começando a compor aos vinte anos, vindo a falecer aos vinte e sete; o que reforça a tese de que não é necessário viver muitos anos, mas é fundamental viver bem os poucos anos que nos forem confiados.


 

Pluralidades 6

Welis Couto



SNOW IN THE HELL

 Ele liderou em João Monlevade com mais três amigos, o movimento Rebu, que buscava o novo na poesia e experimentações escritas e visuais. Alinhado aos poetas marginais dos anos 80 e apoiando-se na vanguarda concretista, o poeta monlevadense Geraldo Magela Ferreira, que desde 2007 reside em Brasília, experimenta nova vertente em sua poesia.

O poeta atravessa fronteiras e faz incursões poéticas na língua de Shakespeare. Conforme ele mesmo diz, seus textos são curtos e diretos, o que facilita a versão para o Inglês. O trabalho pode ser visto no Blog "Snow in the Hell", no endereço http://snowinthehell.blogspot.com.

Conheço o poeta desde as interações literárias em João Monlevade, quando, embora atuando em movimentos distintos: eu, no GEL; ele, no Rebu; mas com objetivos concêntricos, buscávamos disseminar a cultura naquela região, nos anos 1980. Época em que, militantes e obstinados, divulgávamos nas ruas, bares, teatros, escolas e aonde houvesse alguém para nos ouvir, o nosso fazer literário e a necessidade de incentivo para a leitura.

  Por essa determinação, estou certo que o poeta conseguirá atingir mais esse intento.

 

O PENSAMENTO

É exatamente pensando que podemos expressar acerca dos mais diversos pensamentos.

0 homem está sempre à cata de palavras bonitas dos filósofos, poetas e demais pensadores, que, com muita propriedade dão vazão às ideias e questionamentos cheios de estesia, sensibilidade e razão, que saem desses cérebros.

A essência das coisas está nelas mesmas. Não se pode pensar na árvore sem que ela, primeiramente, exista; mas, é a partir da essência das coisas que buscamos algo que nos leve à metafísica e nos explique tal essência e nos dê a densidade ideal do  objeto.

Para o poeta português Fernando Pessoa, pensar é mentir e nada existe além da essência das coisas. Afirma, ainda, que há metafísica bastante em não pensar em nada. Já o filósofo Renê descartes questionou a tudo, o sumo das questões, a essência das coisas, nos caminhos indevassáveis da verdade.

Deixando de lado os dois poetas pensadores acima, questionamos: Quem ao menos uma vez nunca pensou? Quem já não teve vontade dje penetrar na essência dos sistemas planetários e entender a própria terra, as estrelas, a lua? Ainda, quem nunca tentou compreender, ou questionar, o egocentrismo da maioria dos homens?

0 pensamento é um meio de equilibrio para o homem; um ser questionante por natureza e que não se satisfaz com as respostas encontradas nas próprias coisas. Para isso, o pensamento lhe dá o suporte procurado para exteriorizar aquilo que não se compreende, mas que busca dar-lhe razão pela própria essência.

Pensemos, então, como os poetas, prosadores e filósofos. Esses imortais cuja grande virtude são os pensamentos que nos legaram.

Conhecer a si mesmo é a grande dificuldade do homem; e para estar de bem com tudo, com todos, sentir-se feliz e ter paz interior é fundamental conhecer a si. No entanto, mais do que um estranho para os outros, o homem o é para si mesmo e ignora que muitos dos seus receios e angústias têm origem no seu modo de se conhecer e revelar a própria personalidade.

Se poucos são os que se conhecem, quase inexistem os que conhecem os outros, o que contribui para tornar a sociedade menos feliz, reduzindo possibilidades de harmonia entre as pessoas.

Conhecendo-se e aos outros, o individuo passa a ser mais tolerante para com as fraquezas alheias e mais compreensivo para consigo mesmo.

Embora fossem necessários milhões de anos para que o homem crescesse, evoluísse e se identificasse como homem, e outros milhares de anos para que ele abandonasse a idade da pedra e começasse a agir com a razão e a empregar os seus pensamentos de maneira sensata, parece serem, ainda, necessários outros milhões de anos para que ele evolua interiormente e se abra consigo mesmo, se conheça e sinta-se homem, capaz de fraquezas e virtudes, de sorrir e chorar e a aprender a essência do amor, sendo todo doação e receptividade no encontro que deve irmanar as pessoas. Traçar num circulo bem próximo, o encontro personalistico e humano que justifique o milagre da existência.

A felicidade e o sucesso não dependem da sorte, mas da grande interação que deve existir em nós mesmos, dualmente.

 




Pluralidades 5

Welis Couto

 

ANSIEDADE

 Viver correndo já virou rotina. Levanta-se de um salto pela manhã, escova-se os dentes pela metade, nem se toma café e sai correndo pela rua, quando, bastante atrasado, chega-se ao ponto de ônibus e este está fechando a porta para a arrancada. 0 cidadão entra pela greta, um restinho de nada que quase o joga no asfalto. Dentro do veiculo, respira aliviado. Foram momentos de tensão e ansiedade. Com a ansiedade resumindo-se na expectativa de se encontrar o ônibus  ou não.

 Outras vezes em que se levanta tranquilamente, escova os dentes com calma, senta-se á mesa e toma o café. Em seguida, sai pelas ruas assobiando uma música de Chico Buarque. De repente, o som de uma freada e o cidadão se vê frente a frente com um automóvel em alta velocidade. O organismo se prepara para enfrentar o imprevisto e uma série de órgãos começa a funcionar em ritmo acelerado. A respiração aumenta para levar mais ar aos pulmões. Subitamente, o cidadão pula para trás e respira aliviado. Foram momentos de aguda ansiedade.

Ha pessoas que vivem em constante ansiedade sem causa aparente. Os estudantes geralmente antecipam a preocupação com o exame final, principalmente quando se tem um professor do tipo que "mete medo".

 O medo é outra forma de ansiedade. Às vezes, as pessoas têm medo, mas não conseguem identificar a causa, o que provoca um depressivo estado de angústia. A vaidade feminina também não foge à regra e este é o tipo mais comum de ansiedade da mulher: a perda da juventude e da beleza. Uma bela mulher chegando aos quarenta anos olha a sí no espelho com mais frequência e começa a temer as rugas que insistentemente vão surgindo no rosto.

A ansiedade, desde que não excessiva e nem constante, pode ser benéfica em certos casos, pois a mulher que se acha velha, vai-se cuidar melhor; o estudante temeroso começa a se preparar mais cedo para as provas finais. Dessa forma, a ansiedade pode até ser usada como uma ama contra problemas aparentemente insolúveis

 

 



Pluralidades 4

O Retorno de Pitelo

Welis Couto

Há muito não passeava por esta praça. Andava sem motivos desde aquele setembro em que as brumas cobriram meus olhos, ainda que o dia fosse de um sol morno. Não queria recobrar o passado, mas recomeçar o presente.

           Tempo é passado. A Lanchonete 2001, que marcara época nos anos 1970 e 80 talvez não imaginasse que sobreviveria àquelas décadas. Se fosse criada hoje, possivelmente dariam a ela o nome de Lanchonete 2021 ou 2051. O banco em que eu me sentava certamente era o mesmo em que estava naquele setembro cinzento...

 Libertava-me! Queria gritar para o mundo, mas quem me daria atenção? Pus-me a caminhar. Um pouco à frente, o Colégio Cândido Gomes, onde todo alvinopolense faz seus estudos secundários. No muro, homenagem a grandes escritores locais, dentre eles José Afrânio Moreira Duarte, moderno mecenas e o próprio Cândido Gomes. Se lhe tivessem dado tempo, certamente o nome de Pitelo também estaria estampado naquele muro.

 A Rua de Cima fica logo depois do colégio. Fico rindo para mim mesmo ao vê-la: caminho para a Igreja Matriz, para a cidade velha, para as casas velhas de frestas nas janelas que entreabrem o corpo de jovens em pudor. Pitelo teria uma descrição mais poética para as meninas de corpos transparentes revelados pelas frestas das janelas. Eu, não! Eu tenho apenas os olhos molhados em quentume de recordança.

  O passado é a sombra que se inverte ao meio dia, dissera-me, certa vez, Pitelo. Olho o relógio sem por quê. Passa de 12hs. O passado é a sombra que se inverte ao meio dia. Estou pronto!

Volto para a praça e sento-me em um de seus bancos. Vou sorrindo para mim mesmo, largamente.

 - O sorriso é o despudor da alma. – Ouço voz ao meu lado! – “E a minha alma alegra-se com seu sorriso, um sorriso amplo e humano, como o aplauso de uma multidão”, dissera Fernando Pessoa. - Continuou.

 Olho em volta. Tenho visões e busco abafá-las. Fecho os olhos e volto a abri-los. As visões permanecem. Por mais um instante, desafio o imaginário e sinto a inquietação do solitário interlocutor. Pitelo está sentado ao meu lado. Como peixe que brota da água, ele ganha a forma de antes. O tempo que passara não lhe enferrujara o metal, nem lhe corroera as juntas. Era o mesmo! Vendo-me confuso, ele vai-se explicando.

 - Estamos completos quando não precisamos mais um do outro. Fazemos o que dita o mundo. O passeio pelas ruas do passado e a recordança sem penar foram sinais suficientes de que está pronto para ser livre. Isso também me libertou! Por isso, voltei.

 - E por onde andou todos esses anos?

 Sei que não me responderá. Seus olhos sem lubrificante fitaram-me como a dizer: corria mundo enquanto o passado tecia sua teia na sombra que se inverteria ao meio dia.

 O que isso importa? Pitelo está aqui, ao meu lado. Apenas o pensamento ensimesmante se transforma em pluma, bruma, nuvem. Levanto-me e ele me segue, o metal pesado rangendo como antes. O passado é a sombra que se inverte ao meio dia! Estou certo disso.


 

Pluralidades 3

Welis Couto 

PINTURAS

 A pintura data de eras imemoráveis. Os homens das cavernas ja traçavam imagens de objetos e animais nas paredes. As primeiras pinturas em afrescos tinham temas religiosos. Foi, contudo, na época medieval que a pintura começou a retratar seres humanos, surgindo inicialmente na Itália através do pintor Giotto. Daí vieram os grandes artistas da pintura que se avultaram com a escola renascentista, destacando-se Rafael, Michelângelo, Leonardo da Vinci e, posteriormente, Di Greco.

 Com a invenção da máquina fotográfica, os pintores busca ram outros temas que não fossem o simples retratar figuras humanas. Surgiram, então, os movimentos como o impressionismo de Cézane e Renoir, o expressionismo de Vau Gogh, o cubismo, o abstracionismo, o surrealismo.

Hoje, uma nova técnica entra em cena despertando a atenção dos pintores e o gosto dos colecionadores: a "arte nouveau". Os quadros que substituem a tela pelo vidro ou por espelbos e que, devido à superfície lisa, deixa o objeto pintado mais viçoso, realçando o brilho da tinta, chamando a atenção mesmo dos não aficionados com a arte.

O detalhe mais interessante é que os artistas que utilizam tal técnica têm como tema seres humanos, animais ou cidades.

VEREDAS

O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Escreveu Euclides da Cunha. Só que é um forte quase que ignorado, e quando dele se lembra é para caricaturá-lo na estampa de caipira ou jeca. Esquecem que no sertão o homem é autêntico, viril, recatado.

O melhor retrato traçado do sertanejo é, sem dúvida, o pintado por Guimarães Rosa. Assim ele fala do amor: "no sertão, o homem é o eu que não encontrou ainda o tu; por isso, são ali os anjos ou os diabos que manuseiam a língua. 0 sertanejo perdeu a inocência do Dia da Criação". Rosa tem também uma explicação para a inocência: "a gente do sertão, os homens vivem sem a consciência do pecado original. Então eles não sabem absolutamente o que é bom e o que é mau. Eles fazem em toda inocência o que chamamos de 'crime', mas para eles não são crimes. E assim também se explica aquele provérbio do sertanejo, que à primeira vista também soa como um paradoxo, mas que designa numa verdade bem simples: o diabo não existe, por isso ele ê tão forte. A gente muitas ve zes não encontra a palavra que sente dentro de si".

"Me diga o senhor: por que naquela extrema hora, eu não disse o nome de Deus? Ah, não sei. Não me lembrei do poder da cruz, não fiz esconjuro. Cumpri como se deu. Como o diabo obedece -  vivo no momento".

Assim é o homem do sertão brasileiro: destemido diante da natureza e frágil ante o sobrenatural, Esse mesmo homem que tem em Deus a explicação para todas as coisas, que acredita no diabo, em coisas de outro mundo e que criou no escuro das noites roceiras a fantasia e o fantástico das assonbraçoes, das mulas-sem-cabeça e lobisomens.




Pluralidades 2

Welis Couto

 

O QUE VIRÁ

Como já disse outras vezes desse provérbio africano, amigo leitor, "ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés". Talvez não tenha encontrado novidades grandes nesta coluna, nem tenha ela lhe apetecido, e se isso é o que aconteceu, você se encontrou com o que escrevi, porque continuo a escrever o que já conhece, sem promessas absurdas, sem intelectualide exagerada e sem a simplicidade demagógica.

Escrever ê tão importante quanto estar vivo. E como é bom nós nos entendermos à distância; eu rabiscando daqui, você conseji tando e perdoando daí. Assim nos encontramos porque assim somos. Aos poucos, vamo-nos conhecendo. Mostrar-lhe-ei minhas coisas, minhas preferências, minhas vontades, meus amigos, ou melhor, meu amigo Pitelo*, que, agora,sentado ao meu lado, pergunta-me com ironia:   -  Vai  começar  tudo de novo?

(*Aguarde, na próxima seção, um pouco do Pitelo, o parafuso).

 

DESCONVERSANDO

Ernest Hemingway disse: "não me aborreço pelas coisas que fiz; às vezes me entristeço um pouco pelas muitas que deixei de fazer".

Há os dias em que nos abandona­mos e assumimos aquilo que talvez somos e desconhecemos. Há os dias para se falar de coisas sérias e outros para jogar conversas fora, descompromissadamente - talvez, a nossa parte mais ideal, genuinamente bra­sileira, ausente aos compromissos e às responsabilidades.

Então, assumindo a minha parte brasileira, vou desconversando; escrevendo o sem porquê, cujo único intui­to é o passatempo e, óbvio, preencher este espaço vazio para o qual me faltam grandes ideias. Muito embora eu saiba, caro leitor, em que há os dias em que você também não está para coisas sérias. Há a necessidade ex­trema de fugir de todas as coisas e ser você mesmo, com toda audácia que lhe permitirem as circunstâncias; ser lubricamente irresponsável como o sol pela manhã.

Nada de coisas sérias. Sejamos, ao mesmo tempo temperamentais, como este imenso país que toma emprestado as quinquilharias do povo. Sejamos, vez por outras, como os advogados: os­tentando a mentira e tomando-a ver­dade. Assumamos nossa vocação sa­cerdotal e sejamos um pouco como os padres: pensamento celibatário e corpo e alma para o prazer... em ou­tra vida. Sejamos, principalmente, como os políticos, sumamente como eles à procura do voto: amigo, conhe­cedor da causa alheia, solucionador de problemas, tomando o sério cuida­do de não ser como alguns políticos eleitos: de memórias curtas, egocên­tricas e alienadas.

Sejamos mais um pouco de cada coi­sa, um pouco de cada pessoa, mas não sejamos nunca como gostaría­mos de ser verdadeiramente: autênti­cos e sóbrios; porque ninguém nos daria crédito e muito certamente, sendo nós mesmos, chamar-nos-iam de loucos.

 

VAI-E-VEM

Para Maria Luiza de Melo Sá, em seu "Folhas Esparsas", a educação é o conjunto de processos usados por uma sociedade para transmiti-los a sua nova geração, leva intencionalmente poder, capacidade e ideal, metamorfoseando entre passado e pre­sente, um desenvolvimento que sem­pre evolui à raiga do tempo. Não deixa de apresentar continuidade e de assegurar a franca evolução à subsistência de seres envolvidos numa época. Mostra que tanto as crianças quanto os jovens e adultos esperam educação. Não lhes importa que esta seja sistemática ou não; o que deve­mos levar em consideração é o meio pelo qual ela é assinalada, quer de um, quer de outro modo.

Partindo deste princípio, e de que assimilanos com muito mais facilidade aquilo que se nos apresenta no cotidiano, em uma entrega fácil de ideias e contrastes, temos a crer, que atualmente se formam consciências de pouca crença cívica e moral, quando vimos os chefes de estado legislando em causa própria e, ao sair, deixam os estados na bancarrota com os cofres esvaziados, destruindo o património público na busca de autopromoção e futuro político. Deixam, nesse jogo de interresse, de pagar os salários de seus servidores, entre eles os educadores, maiores responsáveis pela formação cívica de nossos jovens, enquanto o dinheiro público jorra em ampla campanha promocional divulgada nas redes de comunicação.

Em um profundo desrespeito ao ser humano, coibido por insensata lide política, vemo-nos no mundo das atrocidades que inibem e destroem a consciência do homem para a hones­tidade, o brio e o caráter.

Nessa leva de incongruência, vão-se formando as consciências morais e históricas dos jovens, desprovidas, graças à imprudência dos homens, da devida sensatez que envolve o ser humano e não o deixa embrutecer pela raiz.

 





Pluralidades 1  	

  Welis Couto

GEL

O GEL - Grêmio de Estudos Lirterários de João Monlevade dentre outras atividades, se destacou pela realização de varais de poesia, pelo lançamento periódico do jornal de cunho literário "O Burro do GEL", pelas duas antologias lançadas na cidade, pelos incontáveis prémios literários de seus integrantes e pelos livretos transbordantes de poesia que ocasionalmente espalhava pela cidade.

Assim se fez a cultura de um povo no labor de alguns que, no quase anonimato, continua tecendo a arte de João Monlevade (MG).

No mês de abril, o GEL completa mais um aniversário que, se não fosse pelo labor e persis­tência de seus integrantes, a data de tão intenso significado para a cultura monlevadense, passaria em branco.

EM EXTINÇÃO

Desde o anúnico da Eco-92, que se realizou no Rio de Janeiro naquele ano, muito se discute sobre algumas espécimes em extinção, como o lobo guará, o mico-leão dourado, os muriquis, e outros bichos mais.

Entretanto, bem mais próximo de nós, ninguém se dá conta de algumas profissões, que à nossa volta também vão-se extinguindo. Quantos serão hoje os engraxates, com o desuso dos sapatos? E os alfaiates com seus ter­nos impecavelmente engomados? E os vendedores de laranja de casa-em-casa com a ameaça do cólera?

O que está em extinção é muito mais do que supomos. Até o namoro no portão, ou o furto de jabuticabas no pomar do vizinho não são mais praticados como antes...

EM BUSCA DO COMPANHEIRO

Bem diferente dos homens, alguns animais procuram a parceira somente na época do acasalamento e das for­mas mais diversas. O peixe-siamês-de-briga nada em torno da fêmea pro­curando seduzi-la; a fêmea da mari­posa atrai o companheiro emitindo um odor imperceptível para o ser hu­mano, e dois antílopes lutam a chifra­das até que o vencido dispare em fu­ga e o vencedor fica, assim, com a fêmea em disputa. Porém, muitos animais cortejam de um modo bem parecido com os dos seres humanos: os machos ostentam valentia e boa aparência, além de oferecerem pre­sentes às fêmeas.

O QUE FOI DITO

"fechar ao mal de amor nossa alma adormecida é dormir sem sonhar, é viver sem ter sido... (Menotti  dei  Picchia)

"Toda a maldade humana reside na palavra.   Por   isso   é   que   quanto mais convivo com os homens, mais estimo os animais" (Axel Nunthe)

"Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito"(Cardeal  de Detz)

"Pensar é errar. O espelho reflete certo, porque não pensa" (Fernando Pessoa)

"Nem sempre recordar é sofrer duas vezes. Eu não estou sofrendo agora... (Marçal Valentino)

"De tanto ver crescerem as nulidades, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chegar a rir-se da honra, zombar das virtudes e a ter vergonha de ser honesto" (Rui  Barbosa)